Menção ao
livro que deu origem ao blog Orquestrando Livros.
Fica sob minha responsabilidade
tal qual, como falar e expressar de forma que faça valer o que essa obra de
Thomas Mann significa e representa. Sem dúvidas é uma leitura de deixar
saudades, diante das sensações, descrições e cuidado em detalhes, é um livro
que nos faz colocar escritores e leituras que se antecederam ficarem a sete palmos
abaixo do chão.
Os Buddenbrook, conta a
convivência de uma família alemã de comerciantes, através de quatro gerações
donos de uma firma, a história acompanha a vida dos membros da família o que
sintetiza exemplarmente toda a burguesia do século XIX, desde a sua origem,
seus primeiros sucessos e que após a morte de Johann I a definitiva decadência
dos Buddenbrook, que não são apenas uma família, são a metáfora de uma cultura
e de uma sociedade.
Logo de início podemos observar
que mesmo sendo este o primeiro livro publicado pelo autor, Os Buddenbrook é
construído e rico por detalhes dos ambientes, o que é muito importante por se
notar como a quantidade dos detalhes dentro das cenas mudam ao decorrer da
história. Com isto ao passar desta fácil leitura de 702 páginas, não conhecemos
apenas os personagens e suas histórias, mas a descrição cuidadosa de cada ponto
ao redor, com a observação de que não o torna cansativo e sim nos trás a melhor
experiência a ponto de conseguir nos trazer sensações, emoções, a importância
delas e eu diria que até aromas.
É um romance que começa já em sua
ascensão, com a aquisição de uma mansão e grandes festas e jantares, nos
trazendo a esperança de que tudo dará certo, e a curiosidade de onde partirá a
decadência, que vem sendo contada de forma detalhada e ao mesmo tempo sutil.
Acompanhamos as primeiras
gerações até a terceira geração, foco principal do autor. Nos levando a
conhecer características bem específicas e detalhadas dos diversos personagens
que nele contém. Os personagens trazem suas bagagens e características únicas,
nos fazendo alegrar, torcer, simpatizar, maldizer e questionar.
Dos filhos de Johan I, temos Tonny
Buddenbrook, até então uma menina sonhadora e futuramente uma mulher divertida
e vaidosa, e que gosta de usar locuções para se expressar, esta pode ser notada
como a personagem em que mais me afeiçoei. Encantei-me com Thomas, e sua
dedicação como o responsável pelos negócios da família, e me apiedei de
Christian, que por muitos é considerado a escória e o super melodramático da
família, aquele com quem não se pode muito contar, mas que me fez rir. Mais
tarde temos capítulos inteiros dedicados ao jovem peculiar Johann III o pequeno
“Hanno”, filho de Thomas Buddenbrook, amante da música e instruído na
literatura. Também fica claro o desconforto de como as mulheres são
retratadas, mas que é também o esperado pela época em que a história é situada.
Os Buddenbrook é a metáfora exemplar das contradições e dilemas de uma classe
em que o poder se constrói sobre a hipocrisia e alienação.
Este livro é considerado e
julgado como uma história que o autor usa a própria família como base para os
personagens. Thomas Mann sugere a não nos perguntarmos quem é quem e a não nos
levar a crer e fazer ligações, mas apenas entender que se tratam das próprias
expressões do artista e a sua própria representação. Tal situação, o levou a
processo pelos próprios familiares, o que acabou não dando em nada, porém todo
o processo é detalhado ao final deste livro que, por outro lado, o levou ao
prêmio Nobel de literatura em 1929, fazendo Thomas ser considerado um dos
maiores romancistas do século XX.
Onde encontrar: Os Buddenbrook: Decadência de uma Família - Thomas Mann
